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terça-feira, 26 de abril de 2011

“São as águas de março...” Abril, maio...

claudia.abril.com.br

É a segunda vez que fico sem conseguir voltar pra casa, por causa das fortes chuvas que assolam o Rio na virada do verão para o outono.

Antes essas chuvas eram conhecidas como as “águas de março” , tem até uma canção do Tom Jobim, conhecidíssima com este título, e com a seguinte frase:  “...são as águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no teu coração...”, agora elas resolveram migrar para abril ou quase maio como foi o caso de ontem. As coisas mudam, por que não o calendário das chuvas?

Não vou falar do descaso das autoridades, não vou mesmo. Esse papo muito manjado e a situação prá lá de previsível. Moro na Tijuca e, em ambos os casos, estava perto de casa. Da 1ª vez na Praça da Bandeira (lugar clássico e recordista de alagamentos no Rio) e ontem, a 2ª vez, em Vila Izabel. Vou falar um pouquinho das fortes emoções dos dois momentos.

Embora nessas situações eu tente manter o humor, confesso que a cada hora que passa a coisa vai ficando mais difícil. O cansaço vai chegando, a falta de acomodações incomodando, e até os papos vão se esgotando.

Da 1ª vez estava de carona com minha amiga Regina e ainda com outra amiga, a Sônia. Regina entrou na Praça da Bandeira de onde não conseguiu sair, do túnel não tínhamos noção da intensidade da chuva. A água inundou o carro, fomos retiradas com a ajuda de “bons machos” e levadas para um bar de esquina. Os fortes homens nos colocaram no batente de uma janela alta. A Regina, dona do carro, acabou se separando a gente, e ficou no alto de uma passarela.

Eu e a Sônia ficamos alí, com as pernas para cima, apreciando ratos e baratas mortas que boiavam a nossa volta, além de outros detritos indescritíveis. 

Como a chuva continuasse, e acabou subindo até o batente da janela onde estávamos, fomos transferidas para outro balcão, pelos braços fortes dos mesmos machos, para esperar por horas as águas irem baixando para voltarmos para casa. Foram horas intermináveis!!! Rimos, quase choramos, falamos verdades, filosofamos e nos irritamos também. Tudo isto com palpites dos donos do bar, e de um amigo que sempre aparece para ajudar nas constantes enchentes. Os donos do estabelecimento foram muito gentis, ofereceram refrigerantes e ainda serviram um frango a passarinho, que fiz questão de provar, para ser agradável, e também porque meu estômago estava colando. A cena mais marcante foi quando, ao lembrar que estava com muita vontade de ir ao banheiro, vislumbrei o vaso sanitário todo coberto de água. Nem preciso expressar o que senti.#Quenojo! Depois de 6 intermináveis horas conseguimos ir embora, enfrentando as águas sujas, contaminadas e fedorentas. 

Em casa tomei um banho de álcool após o banho de costume. Até hoje, ao lembrar tenho vontade de desinfetar meu corpo.

Ontem a situação foi mais cômoda por estar em uma escola, e não na rua. Mas mesmo assim é insuportável ficar horas esperando a chuva parar. Eu estava com mais 3 amiga: Mônica, Simone e Lygia, e ainda o diretor da escola, Ricardo, que resolveu voltar com a gente e deixar o carro na escola, já que a garagem da sua casa estava inundada. Os outros professores, que moravam na rua da escola, conseguiram ir embora por volta de 1 hora da manhã. Quem morava na Tijuca, teve mesmo que esperar. 

O que aliviou o momento foram as gargalhadas que demos com as piadas mais sem graça soltamos, falamos muita besteira, e também ter acesso a internet e ficar papeando com outros amigos em situação similar. O ponto alto do papo foi constatar o que se pode fazer numa hora dessas para aliviar a tensão. Minha ex aluna e amiga Bárbara, que estava ilhada em Duque de Caxias, fez compras pela internet e, depois de arrematar 3 bolsas  se sentiu muito melhor. Amei!!! Amei!!! E amei!!! 

Que mulher não se sente melhor depois disso? Ela me deu a dica e fui correndo bisbilhotar o site. Não posso falar se comprei ou não por aqui porque marido lê os posts, e ele não vai entender nada, homens não entendem mesmo dessas coisas, mas que depois desse feito as horas passaram muito mais depressa, passaram sim.

Cheguei a casa por volta das 4 da manhã, e fiz uma promessa: ao vislumbrar, nos meses de março, abril ou maio, uma pequena nuvem no céu, não saio nem na varanda do meu aptº, o trabalho que se dane.#prontofalei.

Bjs a todas(os) – gostei dessa inversão aí do início da linha... Desculpas meninos, mas somos maioria aqui!!!

5 comentários:

Anônimo disse...

Oi,Sandra !!
Bom saber que chegaste bem.
Valeu pela carona e por estarmos seguros e
descontraídos, aliviando um pouco a tensão.
Ainda bem que não houve muiiitos danos na cidade.
Agora é ficarmos atentos às águas de abril !
Bjks e até a próxima semana.Sem tempestades!
Mônica-profª-C.E.E

Anônimo disse...

Oi, Sandra!!
Imaginei que vc fosse postar alguma coisa sobre ontem e vim aqui dar uma olhada.
Realmente, apesar do desconforto de não poder ir pra casa, foi bom estar com vcs. Acho que fomos boas companhias uns para os outros.
Fiquei muito aliviada ao saber que hoje não tem aula. Estou traumatizada! rsrs
Beijinho!
Lygia Maria

Histórias de Barbarella disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Noooossa!!! Uma honra fazer parte do blog!!! =) Precisamos marcar urgente alguma coisa, principalmente pra eu finalmente ter meu livro autografado!!!
Beijo grande!

®ê Werneck disse...

Me lembro de ter ficado mega preocupada em te "ver" querendo sair da escola ! Era o lugar mais seguro. Aquele dia choveu o mundo !

Eu posso dizer: dei muita sorte. Cheguei em casa quase meia noite quando o mundo começou a desabar no meu bairro. Foi sorte.

Na chuva de 2010, não consegui chegar em casa. Acampei na minha vó (outra sorte) e 2 dias depois fui pra minha cama, meu chuveiro, meu conforto.

Enfim, tenho a impressão que a cada ano vamos acumulando histórias !!! Onde vamos parar !!!

Bjs

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