Talvez isso seja apenas mais um balanço de fim de ano

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Às vezes tenho vontade de despir-me de mim mesma e começar tudo de novo, do zero, feito que nada tivesse acontecido. Mas por outras vezes penso que toda a bagagem que tenho me é tão cara, que abrir mão dela não valeria o preço. Entre uma crise e outra, vou tentando mudar o que já diagnostiquei causar prejuízo, resgatar o que me é precioso, e que por algum motivo ficou no meio do caminho, e preservar o que me leva a lutar sempre.

 

Descubro com o passar dos anos que aquele sonho de que tudo seria melhor algum dia não se realiza, porque as perspectivas são outras e o que era importante no passado, que eu daria uma parte de mim para conseguir, perdeu o seu valor e não trouxe aquela sensação de êxtase que eu jurava que me bastaria.

A cada novo ano, e numa velocidade assustadora, a vida vai ficando mais complexa e ao mesmo tempo mais simples. Complexa quando não consigo acompanhar as atualizações do meu computador que dirá do meu smartphone. Simples, quando constato que essas coisas não me seduzem como seduziam num passado próximo, mesmo que numa versão mais modesta.

Hoje, me pego pensando já estar pronta para antecipar um projeto, quase refúgio, voltado para uma aposentadoria.

Quero uma vida mais simples.

Esta é uma afirmativa que não carrega nenhuma simplicidade, mesmo para aqueles mais despojados. Ainda que não se tenha atração pelo ultimo modelo de tv (led?),  ou até pelo carro do ano, a cidade, com todos os seus atrativos, te absorve tanto que voltar-se para o que a sua consciência pede é mais difícil do que parece.

Simplicidade hoje em dia é artigo de luxo, é chique, é uma alternativa ao alcance de todos, mas também distante da maioria, porque fazer uma opção dessas nunca é uma tarefa fácil.

É, isso está mesmo parecendo mais um desabado de fim de ano.