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domingo, 13 de junho de 2010

Vanguarda, eu?

“O que precede, por sua audácia, sua época”. Esta é uma das definições para a palavra vanguarda, retirada de um mini dicionário, cujo autor desconheço.

Fui chamada assim por uma aluna que, na verdade, queria dizer que eu era ultrapassada.

Ao longo dos meus mais de 20 anos de magistério, já encontrei de tudo, desde ricos abandonados, pobres indefesos e gênios. Convivi também com verdadeiros mestres e com carrascos implacáveis, incapazes de se comoverem com uma lágrima, uma súplica ou mesmo um pedido de socorro


Já fui homenageada várias vezes, como escorraçada também. Isso faz parte deste oficio, que é muitas vezes gratificante, mas também penoso.

Voltando ao título, quando não permiti que uma aluna continuasse com uma atitude não apropriada para sua idade, muito menos pra uma sala de aula, ouvi da mesma a seguinte afirmativa:

– Você é muito de vanguarda.

Fiquei pensando, tentando entender o que ela estava querendo dizer com aquilo. Não precisei me esforçar muito para concluir que na verdade ela queria dizer o oposto.

Meu marido costuma dizer que nós, professores, temos um raciocínio muito rápido. É verdade. Desenvolvemos isso logo nos primeiros anos de profissão. Em sala de aula, são sempre, pelo menos, 30 contra 1; ou aprendemos rápido a auto defesa ou somos devorados. Por isso mesmo, o desfecho da história não é difícil de imaginar. Mas o importante foi que o fato me levou a meditar se eu era ou não de “vanguarda”.

Não, não sou. Tenho visto que hoje em dia “vanguarda”, dentro de uma sala de aula, não tem muito a ver em tentar superar obstáculos, estar à frente do seu tempo e fazer da tecnologia sua maior aliada. Mas sim em tratar com desrespeito as pessoas, sem levar em conta idade, posição e mesmo uma hierarquia necessária para um pouco de ordem no sentido de levar um grupo ao aprendizado.

Deixar de lado palavras como: por favor, desculpa e com licença, tornou-se ícone de modernismo. Isso mascarado em conceitos de igualdade que nada mais carregam do que uma tremenda falta de educação e respeito pelo trabalho árduo de pessoas que tentam fazer seu melhor, mesmo que a um custo muito alto.

Lamento decepcionar, mas de “vanguarda” não tenho nada. E, se eu conseguir, até o final da minha carreira, não terei. Procurarei preservar atitudes “antiquadas”, que aprendi desde pequena, e que fazem muita diferença em todos os seguimentos da minha vida. Portanto, não esperem isso de mim. É pedir demais a uma pessoa que ama gentilezas e preza respeito, embora tenha conceitos muitos contemporâneos e muita vontade de mudar o mundo. Bem, mas este meu lado desbravador só os íntimos conhecem bem.

1 comentários:

Paulo Tamburro disse...

OI SANDRINE,

NÃO CONHECIA O SEU BLOG.

ACHEI REALMENTE, MUITO INTERESSANTE E TENHA A CERTEZA DE QUE VOLTAREI SEMPRE AQUI.

TAMBÉM, APROVEITO PARA CONVIDAR VOCÊ A CONHECER O MEU BLOG:

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