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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

“Fazer o bem sem olhar a quem”...

Tenho uma admiração muito grande por pessoas que se libertam das coisas materiais e, de uma forma consistente, se jogam na ajuda ao próximo. Não digo que todos tenham talento para Madre Tereza de Calcutá ou mesmo Nelson Mandela. Mas temos o dever e a obrigação de fazer um pouco a cada dia.
 
Não têm muito tempo que, andando bem cedo com uma amiga pela beira da praia, indo para o trabalho, que ela comentou sobre uma mensagem que havia recebido. Ela ficou mesmo emocionada ao comentar sobre o assunto e perguntou se eu já havia recebido esse mail. Disse que não me lembrava.  Segundo ela, a tal mensagem, falava sobre largar tudo e viver ajudando os necessitados.

Depois de fazer um resumo sobre o mail, ela começou a falar, com a voz um pouco embargada, que gostaria de ser uma dessas pessoas. Eu fiquei ouvindo o que ela falava, deixei-a desabafar e, quando tive oportunidade, comecei bem devagar a mostrar a ela que existiam outros caminhos para se começar a fazer o bem.

Disse então que ninguém começa a ser uma pessoa assim de repente. Dei alguns exemplos de pessoas que, primeiro mudaram, e depois começaram a mudar uma coisinha aqui, outra ali, e, quando deram conta estavam tão diferentes que não se contentavam mais em levar a vida que levavam, abandonando tudo por uma causa maior.
Expliquei a ela que lá no teatro da Barra, onde dou palestras, existem duas equipes que se revezam, e que toda sexta por volta das 17h00min preparam várias quentinhas (de duzentas a trezentas, dependendo da arrecadação), que são distribuídas entre 23h00min e 24h00min do mesmo dia, no centro da cidade. Muitas vezes a primeira refeição, naquele dia, de crianças, mulheres, idosos, de famílias inteiras.  Quem não pode ajudar cozinhando, ajuda com dinheiro (R$ cada 10,00 reais dá para fazer sete quentinhas), ou na entrega. Ou ainda disponibiliza seu carro para levar e trazer as pessoas e as quentinhas.

Disse ainda que conhecia duas casas de recuperação, para viciados, que precisavam de toda ajuda possível. Ela me perguntou como fiquei conhecendo essas instituições. Disse então que uma vez, minha irmã que é médica no Espírito Santo, ligou e perguntou se eu poderia pegar um jovem que estava acompanhado por um Senhor, na rodoviária as 05h00min da manhã do dia seguinte, para levá-los para uma casa de recuperação em São Gonçalo. Disse que sim. E foi assim que fiquei conhecendo o trabalho.

Ao chegar lá deparei com um lugar muuuuuuuuuito humilde perto de uma comunidade onde, vários rapazes entre 18 e 23 anos, estavam deitados pelo chão de todos os cômodos de uma humilde casa. Do lado de fora, onde deveria ser uma garagem, estavam dormindo, quase ao relento, uns 20 jovens. Fiquei muito chocada com o que vi. Fomos recebidos por uma pessoa muito simpática, que devia ter uns 28 ou 30 anos (imagino eu), que era o responsável pelo local. Que voz mansa! Que alegria ao nos receber! Quando perguntei sobre a parte financeira, a pedido da minha irmã que havia se comprometido a ajudar, ele respondeu: - Aqui vivemos da ajuda de outras pessoas, se você quiser ou puder ajudar, tudo é bem vindo. Mas se não puder (e olha que ele viu que cheguei de carro, estava arrumadinha...). Continuando.... Mas se não puder não tem problema, o mais importante você já fez que foi trazer este jovem até aqui.

 A partir de então esse trabalho começou a fazer parte da minha vida. Hoje, o tal jovem que levei está recuperado e continua lá ajudando, não quis mais voltar para sua terra.  

No caminho de ida soube que aquele Senhor que acompanhava o jovem era responsável por outro centro de recuperação no Espírito Santo. Quando uma pessoa daqui do Rio, precisando de tratamento, estando muito comprometido eles levam para o Espírito Santo. E o mesmo acontecia lá. Quando eles percebiam que um jovem não iria resistir, eles traziam para o Rio.
Hoje ajudo as duas casas. Minha irmã visita a do Espírito Santo, onde oferece ajuda médica também. Há pouco tempo soube que estão tentando arrecadar dinheiro para criar um casa também para o sexo feminino. São realmente instituições sérias. Mês passado quando estive em São Gonçalo, vi que eles já haviam recebido de doações mais de 20 armários, desses que normalmente se coloca em áreas de serviço. E que já estavam construindo quartos na antiga garagem. 

Toda vez que vou até lá volto com alma nova. Não tem como não se emocionar com tanta dedicação. Vou voltar para dar umas palestras, a convite do organizador que, no nosso último encontro me contou sua história. Já foi viciado e um dia uma pessoa fez por ele o que ele está fazendo por esses jovens. 

Voltando à conversa com minha amiga, depois do que falei, notei que ela ficou meio desanimada, acho que não era bem nisso que ela estava pensando, ela realmente gostaria de começar com algo grande.

Não estou aqui para dizer o que está certo ou errado, apenas para falar que, com a experiência que tenho posso afirmar que, normalmente, coisas grandes acontecem com quem caminha um pouquinho a cada dia.
Hoje estou me envolvendo num projeto próprio, que depois, quando a parte burocrática estiver resolvida, vou comentar com vocês. Quando toquei no assunto com os jovens, para os quais dou palestras, alguns deles, por se identificaram com a idéia, já se propuseram a ajudar, pois vai absorver pessoas que gostam de escrever.

A mensagem que quero deixar hoje é que precisamos nos mexer, porque o movimento nos leva a outros pensamentos e novas atitudes. Não podemos ficar só pensando. Precisamos sair do lugar porque tudo passa muito rápido e se não abrirmos os olhos, estaremos passando por aqui só para comprar, comprar, comprar e realizar coisas que estão em volta do nosso umbigo. Não teremos mudado nosso modo de ser e muito menos inspirado as pessoas que estão a nossa volta a mudar também. Precisamos sim fazer a nossa parte, pois, ajudar ao próximo traz um envolvimento espiritual e um retorno que só quem tem esse tipo de prática pode entender.

Ah, antes de terminar, gostaria de agradecer a todas as manifestações de carinho pelo dia do Mestre. Como disse a uma ex-aluna, sou uma professora bobinha e adoro quando alguém lembra. Obrigada mesmo. E saibam que, tenho consciência de ser pouca coisa, mas esse pouco que sou devo ao muito que aprendi e ainda venho aprendendo com meus eternos alunos.

3 comentários:

®ê Werneck disse...

"Fazer o bem sem olhar a quem" E sem esperar algo em troca !!! O bem ao próximo acaba retornando naturalmente a quem faz :)

Parabéns pelaS iniciativaS. Qualquer passo já faz a diferença.

Bj grande e feliz dia do MESTRE, novamente :)

Fabíola disse...

Realmente muito bom ajudar... e o melhor é quando vc vai ver o que esta sendo feito com suas doaçoes, quando é o caso de só dar o dinheiro... e ai é que está o problema, as vezes vc dá o dinheiro, mas nao consegue ir ao local fazer uma visita o que, muitas vezes, é fundamental, pois nem só do dinheiro e bens materiais se faz o bem.
Sempre ligam para o meu trabalho pedindo ajuda para creches e asilos, sempre ajudo (ok, quase sempre... pois é tanta gente pedindo q fica insustentável), mesmo com uma pulga atras da orelha, pois realmente nao tenho certeza se o dinheiro está sendo aplicado para aquilo que eu destinei... mas, pelo sim, pelo não, doou de coraçao e espero q seja bem aplicado.
Mas uma vez me ligaram simplesmente pedindo uma visita... e essa ligaçao foi a mais pertubadora, pois nunca fui nas creches ou asilos, nem como curiosidade para saber se estava dando dinheiro para instituiçoes sérias ou nao. Mas com a correria do dia a dia... ainda nao fui fazer a tal visita... :((

Depois quero saber desse seu projeto...

P.S.: Desculpa as palavras sem acento, escrever pelo netbook é terrivel... todo desconfigurado...

Anônimo disse...

Olá querida,
Cada vez fico mais feliz em saber que vou lhe conhecer na via real, vc certamente é uma pessoa incrível!
Eu amo os trabalhos de caridade e toco uma festa de Natal todos os anos dentro do Morro do Amor (que fica no Méier). Sei que é pouco, mas por enquanto é o que posso fazer...
Nos veremos no dia 04/11.
bjos

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