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“'Eu vivi o que pouquíssimas pessoas puderam viver” - Xuxa
Eu já contei aqui que tive o prazer de conhecer a Xuxa em um
evento de vôlei em Três Rios. Minha enteada Eduarda (Duda) joga vôlei pelo Fluminense e foi convocada, ano passado, para a seleção carioca de vôlei mirim
junto com a Sasha (filha da Xuxa).
Foi um momento ímpar não só para as meninas da seleção
brasileira como também para as jogadoras dos outros times do campeonato. Quem
já não sonhou em estar do lado da rainha e ainda mais em um evento tão família?
E ela ainda preparou um encontro, em outra cidade, para comemorar o
aniversário da filha. Gentilmente, além de convidar o time todo, estendeu o
convite para os pais (e afins) das atletas.
Apaixonada como é por animais, o tempo todo ela esteve com um
dos seus cachorros no colo embrulhado em
uma manta, já que fazia muito frio. Pude observar na ocasião o quanto ela é mãezona!!!
Adorei presenciar o cuidado dela com sua mãe e o carinho que dispensa aos familiares
e ao pai de sua filha, o Szafir.
Ontem, no depoimento que deu para a Rede Globo – programa Fantástico – fiquei emocionada. Não conhecia esse seu lado tão sofrido. Você pode ver o depoimento da apresentadora aqui. Xuxa, como eu, veio do subúrbio e, por coincidência, moramos em bairros muito próximos, ela em Bento Ribeiro e eu em Marechal Hermes. Portanto conheço muito bem do que ela falou no programa. O Romance – O Clube do Salto – se passa justamente nesse contexto, e fala também de abuso, abandono, luta e a união de 8 amigas de infância na tentativa de superar seus problemas.
Em um dos encontros das meninas do vôlei, depois do
campeonato, em uma pizzaria da Zona Sul do Rio, comentei com a Xuxa sobre o livro e
acabei presenteando-a com um (emoção pura!!!). Se ela leu ou não, ainda não sei, mas
com certeza tem muito do que ela viveu no romance. Os bairros dos subúrbios
eram muito parecidos, e o clube do Bolinha, da Luluzinha, o
futebol, o parque na pracinha e os pedófilos faziam parte do cenário.
Muita coragem da Xuxa em se expor daquela maneira. Se já
gostava dela, agora gosto mais ainda.
Abaixo, algumas passagens do livro para aguçar sua
curiosidade e também fotos minhas com a Xuxa.
Boa semana
"Marechal Hermes parecia um bairro como outro qualquer do subúrbio do Rio de Janeiro, mas não era bem assim. Mais tarde ficamos sabendo que era um reduto de drogas e drogados. Era frequentado por riquinhos da Zona Sul que iam até lá em busca das drogas mais pesadas"
"O sargentão, o "mandachuva" do time de futebol, era uma pessoa ambígua: exigia muito dos garotos, mas, às vezes, encaixava uns "pernas-de-pau" no time. Todos sabiam existir alguma coisa por trás disso, mas ninguém o questionava, pois o menor sinal de discordância já era motivo de expulsão e todos queriam jogar.
"Feijão era um amigo considerado neutro. Fazia parte tanto do grupo dos meninos quanto das meninas. Não morava por ali e, sim, em uma favela chamada Muquiço. Ele vinha de longe, mas sempre chegava a pé, ficava por perto o dia todo e só voltava para casa quando todo mundo ia dormir. Às vezes chegava no dia seguinte todo machucado, parecendo ter apanhado muito, mas nunca contou pra ninguém o que acontecia."
"Em novembro, o Danilo foi internado. Aquelas constantes conversas com o rapaz da carrocinha de balas o levaram à maconha e, posteriormente, à cocaína. Soubemos depois, pelo Feijão, que os braços do Danilo estavam tão furados que, além de não usar mais blusas de mangas curtas, ele estava injetando drogas nas solas dos pés. Nem sabíamos que isso era possível. A informação vinda do Feijão, nem sei se isso era verdade."
"Feijão era um amigo considerado neutro. Fazia parte tanto do grupo dos meninos quanto das meninas. Não morava por ali e, sim, em uma favela chamada Muquiço. Ele vinha de longe, mas sempre chegava a pé, ficava por perto o dia todo e só voltava para casa quando todo mundo ia dormir. Às vezes chegava no dia seguinte todo machucado, parecendo ter apanhado muito, mas nunca contou pra ninguém o que acontecia."
"Em novembro, o Danilo foi internado. Aquelas constantes conversas com o rapaz da carrocinha de balas o levaram à maconha e, posteriormente, à cocaína. Soubemos depois, pelo Feijão, que os braços do Danilo estavam tão furados que, além de não usar mais blusas de mangas curtas, ele estava injetando drogas nas solas dos pés. Nem sabíamos que isso era possível. A informação vinda do Feijão, nem sei se isso era verdade."
“Eu tinha um vazio no peito, um buraco no estômago, uma dor
na alma, a dor do abandono."
“Não sabemos o que leva uma pessoa ou outra a agir desta ou
daquela forma, mas sabemos que cada momento é imprescindível para garantirmos
um futuro no qual o passado fique mais no passado do que no presente.”
“Tive a oportunidade de viver numa rua não amaldiçoada –
como pensava anteriormente – mas cheia de pessoas corajosas e amigas, pessoas
tão maravilhosas que, unidas, superaram todas as dificuldades. Pessoas tão
positivas que conseguiram driblar suas tragédias e fazer com que a felicidade
encontrasse de novo nosso endereço.”
Da direira para esquerda- time de blusa branca Duda é a segunda e Sasha a quarta |
Reencontro na pizzaria - ajudando as atletas a montarem um álbum de lembranças. |
1 comentários:
Olá Sandrine,
Muito legal a sua postagem. Muito boa a maneira e a sensibilidade com que descreveu e tratou o tema, assim como descreveu a ocasião, que certamente, foi muito especial.
Tenha uma ótima semana.
Abração,
Flávio Nunes.
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